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Buda

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

SE PASSASSE PELO QUE PASSEI, VOTARIA EM QUEM VOTEI!

Eu estou expondo com fotos no meu perfil do Facebook os motivos pelos quais votei na Dilma. Você ai, meu querido(a), não sabe as diversas ofensas que tem sido proferidas contra esta pobre ignorante que vos escreve. Nos últimos meses desde que declarei meu voto abertamente a Dilma,são quase que diárias as ofensas . Se ponho no perfil o Bolsa Família, que é um dos mais importantes programas de transferência de renda executados na historia recente, é porque senti na carne o peso da pobreza extrema. Hoje à vida é diferente. Sendo assim, trago fatos para sua reflexão:
Se você cresceu não tendo nada. Se você não foi humilhado por ser mais pobre. Se os seus vizinhos "ricos", na infância não exibiam Nintendo. Não Ostentavam biscoito Passa tempo, Sucrilhos Kelloggs e Toddynho diariamente, enquanto você comia pão com manteiga, quando tinha. Você não vai entender minhas razões pra votar na Dilma.
Se você não soube oque é ter a primeira TV em cores ao 12 anos de idade. Você não vai me entender. 
Se você não usava roupas herdadas dos seus irmãos mais velhos. Roupas essas que foram ganhadas dos filhos dos patrões da sua avó, esqueça! Você não vai entender. 
Se você nunca comeu mingau das sobras de Ostia ganhados dá paroquia do lado da sua casa, esquece. Essas palavras não te dirão nada.
Se você nunca comeu pele de galinha e angu, porque essa era a unica coisa que seus pais podiam comprar, mesmo trabalhando de sol a sol, nem vai saber do que se trata essa publicação. 
Se você nunca viu seu pai passar o dia inteiro na rua sem comer, procurando emprego. E chegar cabisbaixo em casa porque não conseguiu nada. Você não entenderá do que estou falando. 
Se você já fez a ultima refeição do dia as 16:00, na escola e depois voltou a comer só no dia seguinte, você não saberá do que estou falando. 
Se você nunca viu sua mãe contar baixinho pro seu pai que foi humilhada na casa da patroa, não me leia até o fim. 
Teria sido bom para meus pais, e para nós, quando crianças, se existisse o Bolsa Família naquela época. Muito do que você leu neste post não existiria. Mas como nunca fomos beneficiados por programas como o Bolsa Família. Todas estas suposições que vos faço, com certo nó na garganta, de tristeza e alegria, são memorias de uma eleitora de Lula/Dila.
Será indigno votar em alguém que nos tirou dessas condições? 
Será indigno votar em quem me deu a oportunidade de cursar o ensino superior?
Será indigno desejar que todas as pessoas que vivem ainda desta maneira recebam as melhorias que recebemos? 
Eu deveria votar em quem além de não me fazer nada de bom, ainda me deu coisas ruins? Deveria eu votar no Aécio e esperar que meus filhos (o dia que eu os tiver) passem pelas mesmas provações que passei. Em nome de uma falsa ilusão de progresso econômico? Já estou bastante grandinha pra fazer escolhas baseadas na opinião alheia! Não ligo de ser chamada de Comunista, petralha de merda, puta petista, ignorante, burra, miserável, pobre de espirito, entre outros...Trago no peito a certeza de que fiz a coisa certa. E agora sou oposição ao governo que elegi. Serei a mais dura opositora a todas as ações que forem contra os ideias que defendi ao apertar 13 na urna. 
No mais, era apenas isso. Meu desabafo escrito sem o auxilio do corretor de texto. Mais tarde espero conseguir voltar e corrigir a gramatica dessa publicação, usando o computador que o governo do Lula facilitou a aquisição!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Crônica da Cidade: Um dia Chuvoso no Rio de Janeiro


Não fosse essa minha fase escova, eu certamente andaria por ai aproveitando essa garoa para lavar minha alma. Não me adapto ao uso do guarda-chuva. Entretanto,  você não  quer me ver  por ai sem maquiagem e sem escova. Das coisas que me foram negadas, a beleza é certamente uma delas.
As pessoas circulam apressadas pelas calçadas da cidade. Não notam (nem se preocupam em notar) a presença uns dos outros. Apanho dos velozes zumbis em direção a estação terminal, Central do Brasil . Molho os apressados filhos de Ariel (pessoas dá classe media alta que pegam o metro por necessidade. Porque querem ganhar tempo, mas odeiam a presença dos pobres) com os pingos que caem do meu guada-chuva. Apanho dos guarda-chuvas que mais parecem tendas. Sou molhada pelos respingos dos guarda-chuvas apressados. A cidade se transforma em um enorme e molhado carnaval. Os carros alegóricos humanos desfilam indiscriminadamente. Bailam entre poças de lama e os cracudos miseráveis, que vagam sem alma e sem ajuda, pela cruel cidade Maravilhosa. O gás que é liberado do escapamento dos ônibus não diminui o insuportável cheiro de sarjeta que emana de todo canto. Embaixo das marquises: os camelôs, viciados, travestis e as putas  disputam lugar com a multidão. O som agudo que sai dos apitos dos guardas-municipais me remetem à Hiroshima. Não sei porque faço essa associação. Também não sei oque fazem os guardas-municipais. É tudo bem confuso!  E a cidade vira mar; um mar de gente, um mar de cores, um mar de energias diferentes. "Cinco pares de meias por 10 reais", esta escrito na placa ao lado das bugigangas que vendem os moradores de rua.
 Quero fugir, não é possível! Ali é o marco zero. Naquele misto de imundice, beleza e perigo: é coração deste lugar. 
Confesso que por vezes odeio, e até maldigo essa cidade. Sobretudo, nos dias em que passo horas no forjado engarrafamento da Zona Portuária, ou quando a Ponte Rio Niteroi faz a Av Brasil parar por horas a fio. 
Vejo beleza, apesar das tantas guardachuvadas que recebo na face. Por instante fico alheia a tudo. Percebo a cidade como uma grande tela. Sou uma expectadora solitária. Não pertenço aquele lugar, mas sou temporariamente  parte dele. Sou uma pequena e triste manivela desta engrenagem. Uma peça de reposição barata em dias dominados por guarda-chuvas!